“No Hemisfério Norte, a Primavera é a primeira estação do ano”, diz o professor Warde Marx. “Para nós, no Hemisfério Sul, é o começo do fim do ano”. Qual é a origem das estações do ano? De onde vieram seus nomes? Aí tem História. A princípio, os termos latinos “ver” e “hiber” indicavam o tempo bom e o tempo ruim. “Ver” era a época em que a natureza estava mais viva e daí veio o verão. “Hiber” era o tempo frio, tempo de hibernar, como fazem alguns animais, e daí veio o inverno.
Primavera era o começo do verão; prima, primeiro, aquilo que vem antes. Outono, autumnus, era o ocaso, a queda, o fim do tempo bom. Em inglês ainda é queda, fall. Desde que o homem começou a desenvolver a agricultura, ali onde hoje é o Oriente Médio, era necessário saber quando se podia plantar, quando o tempo ia mudar. Esse momento, por
volta de 10 mil, 12 mil anos atrás, é chamado de Revolução Agrícola. Não só porque começamos a plantar. É que, para plantar, tínhamos que saber ler a natureza, o mundo, o clima, as estações, as medidas. Surgiram assim a Matemática, a Astronomia, a Geometria, a Botânica, a Zootecnia e muitas outras formas de Ciências. E as estações estavam no meio desse conhecimento todo.
E é difícil falar de Antiguidade e de ciência sem lembrar dos gregos – sempre eles. Bem, havia uma deusa, jovem e belíssima, chamada Perséfone. Ela era filha de Zeus, o deus dos deuses, e de Deméter, a deusa da fertilidade (em Roma Deméter era chamada de Ceres, daí vem a palavra cereal). Era a responsável por alimentar os povos deste mundo. Pois, um belo dia, estava Perséfone a passear, quando um deus a viu. Era o poderoso Hades, deus do mundo subterrâneo. Esqueça o que você viu em “Hércules”, desenho da Disney, Hades não era um vilão. E nada tinha a ver com o demônio. A religião grega não tinha inferno; todos os mortos iam para o mesmo lugar, o reino de Hades. Quem tinha que ser punido era punido; quem tinha sido bom era premiado.
Hades estava cansado de ser solteiro. Ele viu Perséfone e se apaixonou. Com um gesto dele, o chão se abriu e a moça sumiu. Não, ela não morreu. Perséfone era imortal. Mas, com o susto, ela deu um grito, sua mãe ouviu e se preocupou (“cadê minha filha?”). Ninguém era louco de se meter nessa briga. Deméter revirou o mundo e não a encontrou. Ela perguntou a Hélios, o Sol, que tudo vê, e ele teve que falar. “Meu irmão raptou minha filha?”, surpreendeu-se. Sim, ela e Hades eram irmãos. Pois, vou me retirar do mundo. Uma fome total tomou conta de todos os lugares. A natureza implorou para o irmão de Deméter fazer alguma coisa. Não, não Hades. Zeus era irmão deles.
Perséfone só poderia ser libertada se não tivesse comido nada no reino subterrâneo. Só que ela tinha comido três bagos de romã. Zeus foi negociar. Perséfone já estava acostumada com seu marido e concordava em sair e voltar. Pelo combinado, ela ficaria com a mãe duas partes do ano, para fazerem a terra ser fecunda (Primavera e Verão). Uma parte com o marido, que é o Inverno. E uma parte onde quisesse, o Outono. Como ela sente saudades do marido, volta para o lado dele um pouco antes. Por isso, às vezes, o outono é mais frio.
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