Dia 8 de maio é a data do final da Segunda Guerra na Europa. Momento de homenagear todos os brasileiros que foram ao Velho Continente, lutar contra o nazismo, certo? Não!, afirma o professor Warde Marx. Aí tem História! Os brasileiros têm muitos motivos de orgulho: os bravos pracinhas foram à luta na Itália para enfrentar o nazi-fascismo. Só que nem todos os jovens brazucas que lutaram na Europa estavam contra Adolf Hitler. Infelizmente, precisamos lembrar de soldados, que, antes de o Brasil declarar guerra ao Eixo (Itália, Alemanha e Japão), atravessaram o Atlântico e meia Europa para morar na Alemanha e acabaram lutando sob a bandeira com a suástica.
Quem eram esses caras e por que, raios, a gente nunca ouviu falar deles?! A coisa estava bem feia do lado de lá do Atlântico e, assim como muitos portugueses, espanhóis e italianos, também alemães e austríacos vieram para o Brasil, entre o fim do século XIX e o comecinho do XX, buscando uma chance de vida melhor. Passadas a Primeira Guerra e a Gripe Espanhola, ali pelos anos 1930, a história era outra. Antes da eclosão da Segunda Guerra, a Alemanha estava muito bem colocada no ranking das nações, era um país que apostava em tecnologia e prometia um belo futuro. Então, voltar para a “Vaterland”, a pátria germânica, era algo incentivado e muito bem recebido. Muitas famílias teuto-brasileiras, ou seja, de origem alemã, mas já com filhos brasileiros, toparam e retornaram. Em alguns casos, só os jovens rapazes foram, para concluir estudos e voltar mais bem qualificado ao Brasil e com plena cidadania germânica. Vale dizer que havia um Partido Nacional Socialista – ou seja, partido nazista – do Brasil. Era o maior partido nazista fora da Alemanha! Os rapazes eram submetidos a exames médicos que os qualificassem a servir nas forças armadas alemãs.
Chegou setembro de 1939 e começou a Guerra. Não se sabe quantos brasileiros lutaram pelos nazistas. Temos o caso de um rapaz que, designado para lutar na Itália, pediu para não ir, pois teria que, eventualmente, lutar contra seus “irmãos brasileiros”. Há também o caso de dois rapazes de uma mesma família que estavam um a serviço da FEB (Força Expedicionária Brasileira) e outro do Wehrmacht (exército alemão). Os demais , a maioria era muito jovem, só foram convocados para combate nos últimos tempos do conflito.
A participação brasileira nesse conflito ajudou a consolidar a identidade de nossos patrícios. A partir de 1942, quando declaramos guerra ao Eixo, proclamava-se “quem nasceu no Brasil ou é patriota ou é traidor!”. Muitos jovens de origem alemã correram a se alistar na FEB. Alguns de nossos maiores heróis tinham sangue alemão: sargento Max Wolff Filho e o tenente Ary Weber Rauen. Enfim, essas coisas de guerra; de separação de famílias, de povos, de irmãos. Coisas muito tristes.
Colhi grande parte dessas informações numa entrevista da “Deutsche Welle”, uma excelente empresa de comunicação alemã, com o professor Dennison de Oliveira, dos cursos de graduação e pós-graduação no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná e orientador de pesquisas na área de História da Secretaria Estadual da Educação do Paraná, autor de uma pesquisa sobre o tema.