Se no futebol a Inglaterra vive frequentes decepções desde o primeiro e único título da Copa do Mundo em 1966, em uma modalidade parecida o país que inventou o esporte é só alegria: os ingleses foram os campeões da primeira Copa do Mundo de Walking Football.
Criado em 2011, o walking football reúne homens e mulheres em idade avançada que não possuem condições físicas de jogar uma partida de futebol. Para que essas pessoas não perdessem o contato com o esporte mais popular do mundo e nem o hábito de fazer exercícios, foi pensada uma variação do jogo com equipes menores (de cinco jogadores) e uma regra fundamental: é proibido correr. Uma simples arrancada já pode ser suficiente para o árbitro marcar uma falta a favor do adversário.
No ano passado, um levantamento feito pelo site britânico The Guardian mostrou que existem cerca de 800 equipes de walking football no Reino Unido. A maior parte delas reúne jogadores acima dos 55 anos, embora alguns times sejam formados por atletas mais novos, na casa dos 40 anos. Até mesmo alguns octogenários entraram na disputa.
As regras variam muito de federação para federação. Em algumas, por exemplo, não é permitido que a bola passe sobre a cabeça dos jogadores. Em outras, nenhum contato físico é permitido entre os oponentes. Variações como limite de toques de bola por parte de um mesmo jogador (três, assim como no futebol de botão) e a proibição do que no futebol tradicional se conhece como recuo de bola para o goleiro são outras das regras que estão em aberto dentre os praticantes do esporte.
O jogo é levado a sério na Inglaterra. A English Football League, que controla da segunda à quarta divisões do futebol de campo inglês, organiza desde 2015 a EFL Walking Football Cup. Os torcedores que praticam a modalidade representam os seus clubes em eliminatórias regionais que classificam alguns times para a etapa final. Em 2017, foram 16 times com direito a uniforme oficial, semelhante ao dos times de futebol de campo, disputando o título no centro de treinamento do Aston Villa, clube da segunda divisão. O campeão foi o Sheffield United, também da segunda divisão. Os outros campeões foram o Plymouth Agryle (2015) e o Blackpool (2016).
A primeira Copa do Mundo de walking football foi disputada em maio deste ano na cidade de Swansea, a segunda maior cidade de País de Gales. Na verdade, o campeonato surgiu como uma variável de Copa do Mundo de Masters (para jogadores acima de 50 anos) disputada desde 2006. Com a criação de uma modalidade específica para jogadores acima dos 65 anos, optou-se por adotar as regras do walking football.
O time inglês foi representado pela equipe de walking football de Birmingham e mediu forças contra equipes do País de Gales, Escócia e Canadá. Na primeira partida, um empate em 1 x 1 com os escoceses. Depois, vieram duas vitórias sobre equipes diferentes do País de Gales: uma por 1 x 0 e outra por 4 x 0. Depois, os representantes do Canadá foram derrotados por 3 x 0. Um novo 4 x 0, agora sobre o time de Swansea, dono da casa, permitiu que os ingleses chegassem ao último jogo, contra a Escócia, podendo perder por até sete gols de diferença. Com o empate em 0 x 0, sagraram-se campeões. Uma Copa do Mundo bem maior está sendo preparada para 2020, em Londres, com 25 seleções – o Brasil não está entre elas.
O jogo já caiu nas graças até de jogadores do futebol tradicional como os ex-atacantes Alan Sharer e Geoff Hurst, o ainda jogador Harry Kane, do Tottenham, e Fabrice Muamba, meia que se aposentou em 2012 depois de sofrer um ataque cardíaco durante uma partida e ser reanimado por 78 minutos.