Dois grandes jogadores da história do futebol brasileiro, o goleiro Rogério Ceni e o atacante Edmundo, estão acostumados a serem homenageados pelos seus feitos dentro dos gramados. Apesar das trajetórias bem diferentes, Rogério, o bom profissional que nunca mudou de clube, e Edmundo, o polêmico de várias camisas, possuem em comum o fato de marcarem a vida de Adinam Cardozo e de serem os responsáveis por pelo menos uma homenagem que ele recebeu. Goleiro profissional de futebol por 19 anos, Adinam passou por dezenove times de nove Estados brasileiros e jogou nas cinco regiões do país. Se não construiu uma carreira de grande sucesso, está na história do futebol e é lembrado até hoje como personagem de dois feitos. Um deles completa 20 anos neste dia 11 de setembro: o goleiro viu Edmundo balançar as redes de São Januário seis vezes na vitória do Vasco por 6 x 0 para cima do União São João, clube paulista da cidade de Araras. Jamais um goleiro foi vazado tantas vezes por um mesmo jogador em uma mesma partida do Brasileirão.
Quem visita o City Beer, bar temático da cidade de Araras, a 170 km de São Paulo, pode encontrar o goleiro no cardápio de sanduíches da casa, que presta reverência a grandes figuras esportivas da cidade. A homenagem do amigo Nilsinho Zanchetta pode causar certo estranhamento, já que o lanche Adinam leva frango, palavra que aterroriza os goleiros. O ex-jogador, porém, não se importa: “Nesse caso não tem nada a ver. Foi uma homenagem. Depois que a gente para de jogar é importante ter essa lembrança”, ponderou ele em entrevista ao repórter Bruno Camarão, no programa “É Brasil que Não Acaba Mais!”, da rádio BandNews FM.
Se Adinam é lembrado até hoje em Araras, boa parte da responsabilidade é também de Rogério Ceni. Naquele mesmo ano de 1997, no dia 15 de fevereiro, foi ele quem viu Rogério Ceni cruzar todo o gramado do Estádio Hermínio Ometto, em Araras, e cobrar a falta que abriu caminho para a vitória do São Paulo por 2 x 0 sobre o União pelo Campeonato Paulista. Foi o primeiro dos 132 gols que o goleiro artilheiro marcou em sua carreira – e lá estava Adnam para eternizar este momento.
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Adinam havia chegado ao União São João em 1994, quando o clube de Araras, fundado apenas 13 anos antes, já estava na primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Com o União, caiu e foi campeão da Série B em 1996, garantindo assim uma participação na elite do futebol brasileiro em 1997. Chamado de “primeiro clube-empresa do Brasil”, teve em 1997 sua última participação na elite. Depois, o União até teve bons momentos como o vice-campeonato paulista de 2002 (quando os quatro grandes mais São Caetano, Guarani, Ponte Preta, Etti Jundiaí e Portuguesa não disputaram o torneio), mas foi ladeira abaixo a partir de 2005, quando caiu para a Série A-2 do Campeonato Paulista e disputou pela última vez a Série C, então degrau mais baixo na hierarquia do Campeonato Brasileiro. No início de 2015, meses depois de naufragar na tentativa de subir da Série B (que na verdade é a quarta divisão) para a Série A-3 do Paulistão, o União, que revelou o lateral Roberto Carlos, fechou as portas.
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Adinam deixou o clube em 1998. Jogou em times de expressão como Coritiba, Goiás, Paysandu, Sport e Avaí. Depois, peregrinou por times de divisões inferiores de São Paulo até encerrar a carreira em 2013, no Batatais, da cidade homônima. Na cabeça dos torcedores de Araras, a lembrança segue firme. Pelo menos dentre aqueles que visitarem o City Beer para reverenciarem Adnam como o homem que, sofrendo um ou seis gols, entrou para a história do futebol nacional.