O Kashima Antlers surpreendeu o Atlético Nacional, da Colômbia, na manhã desta quarta-feira e se classificou para a final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. Disputando o torneio como campeão do Japão, sede da competição, o Kashima se tornou a primeira equipe asiática a chegar tão longe no torneio – é também o maior campeão japonês, com oito títulos.
Amanhã, será conhecido o adversário na decisão de domingo: o América, do México, ou o poderoso Real Madrid, da Espanha. Apesar de ter frustrado praticamente toda a torcida brasileira, que “adotou” o Atlético Nacional após as homenagens feitas pelos verdolagas à Chapecoense, que seria sua adversária na final da Copa Sul-Americana, o Kashima Antlers tem forte relação com o futebol brasileiro.
Em 1992, quando estreou na J-League, a primeira divisão, o Kashima recheou o seu elenco de brasileiros, como o volante Carlos Alberto Santos, o atacante Milton Cruz e o craque Zico. Com alguns dos jogos transmitidos no Brasil pela TV Bandeirantes, o Antlers ganhou a simpatia dos brasileiros, tornando conhecido por aqui o seu escudo: a sombra da cabeça e do chifre de um cervo sobre uma forma geométrica dividida ao meio pelas cores cinza e vermelho.
A origem do símbolo está justamente no nome da equipe. Fundado em 1947 como Sumitomo Metal Industries, o clube se instalou na cidade de Osaka (onde, aliás, jogou hoje contra o Atlético Nacional). Mudou-se em 1975 para Kashima, à época um distrito da cidade de Ibaraki (a emancipação veio em 1995).
A mudança de nome, no entanto, aconteceu somente em 1991, quando se tornou um dos 10 clubes que articulou a criação da J-League, a nova liga do futebol japonês. Como Kashima Antlers, trocou não só o azul pelo vermelho, como também o seu escudo e a mascote. Em japonês, “Kashima” significa “ilha dos cervos”. No Japão, os veados não possuem qualquer relação com homossexualismo, como no Brasil. Eles são encarados como mensageiros espirituais.
Vem daí, então, a inspiração para o desenho no escudo da equipe e também para o próprio nome, uma vez que “antler” é a palavra em inglês para o chifre do cervo. Em uma tradução livre, misturando inglês e japonês, o nome Kashima Antlers significa “os chifres dos cervos da Ilha dos Cervos”. Além disso, a sombra do chifre do cervo no escudo buscou também representar os espinhos da rosa que representa a província de Ibaraki, onde está Kashima.
Outro time que possui um veado em seu escudo é o Watford, da Inglaterra. A explicação é semelhante: o clube está situado em Hertfordshire, região inglesa com vasta população de cervos.
Em 1991, foi criado Shikao, o cervo mascote do Antlers. Trata-se de mais uma brincadeira gramatical, uma vez que “shika” significa “veado”. Em 2 de março de 1997, ele ganhou uma mulher, Shikako, com a qual teve Anton, o pequeno cervo nascido em 1º de agosto de 1999. Assim, foi formada uma família de mascotes que se tornou oficial. Populares entre as crianças que torcem pelo time, os três entram em campo antes de todos os jogos no Kashima Stadium – o time teve média de público de 19.324 torcedores por jogo na J-League deste ano.
Com capacidade para 40 mil torcedores, o Kashima Soccer Stadium, aliás, é outro dos laços do finalista do Mundial com o futebol brasileiro. Ele foi inaugurado em 1993 com uma vitória do Kashima sobre o Fluminense por 2 x 0.
Em 2001, recebeu três jogos da fase de grupos da Copa das Confederações, sendo dois da Seleção Brasileira (a vitória por 2 x 0 sobre Camarões e o empate em 0 x 0 com o Japão), abrigando ainda outros três jogos da fase de grupos da Copa do Mundo de 2002. Em 2013, o Antlers venceu o São Paulo por 3 x 2 no Kashima Stadium pela Copa Suruga Bank, que reúne o campeão da Copa do Imperador Japonês e o campeão da Copa Sul-Americana.