SÍMBOLO OLÍMPICOO barão de Coubertin, criador dos Jogos Olímpicos da era moderna, era contra a presença de mulheres nas disputas. Mas havia uma grande pressão por parte das feministas, cada vez mais atuantes. Em 1900, seis corajosas tenistas e cinco golfistas enfrentaram as recusas dos organizadores. Para acalmar a fúria dessas precursoras, foi montada uma espécie de torneio paralelo. Em 1920, inscreveram-se 63 mulheres nos Jogos da Antuérpia. Elas já somavam 136 em 1924. Logo na abertura dos Jogos de Amsterdã, em 1928, o barão subiu à tribuna e pediu demissão do cargo de presidente de honra do Comitê Olímpico Internacional. No discurso, ele acusou seus seguidores de haverem “traído o ideal olímpico, permitindo a presença de mulheres”.

Na Olimpíada de Pequim, em 2008, o Brasil teve a maior delegação de atletas mulheres da história do país. Participaram dos jogos 133 mulheres, o que representava 48% do total de esportistas. Nos Jogos Olímpicos de 2012, pela primeira vez todas as 205 delegações tinham mulheres em sua composição.

Veja 10 destaques femininos ao longo da história das Olimpíadas:

1. Kallipateria
As mulheres eram barradas das Olimpíadas da Grécia Antiga. Se as casadas fossem pegas assistindo aos Jogos, elas eram condenadas à morte. Kallipateria era a mãe de um lutador de boxe chamado Pisirodos. Ela correu risco de morte ao assumir o papel de seu treinador, fantasiando-se de homem. Quando Pisirodos ganhou a competição, ela não aguentou a emoção, e acabou se expondo ao público. Sua vida só foi poupada porque seu pai, seu irmão e seu filho já tinham sido campeões olímpicos. Para que isso nunca mais acontecesse, foi instituída uma lei que obrigava os treinadores a se exibirem nus.

2. Os primeiros Jogos da modernidade
Todos os 295 atletas das Olimpíadas de Atenas de 1896 eram homens. Nos Jogos de 1900, em Paris, apenas 11 dos 11.077 competidores eram mulheres. Em 1904, apenas 6 atletas femininas competiram nas Olimpíadas de Saint Louis.

3. Melpomene
A grega Melpomene se inscreveu para participar da maratona olímpica de 1896. Sua inscrição foi recusada, mas ela decidiu correr por conta própria. Ela começou a prova alguns minutos depois dos homens. Vaiada pelo público, parou por 10 minutos para descansar e beber água. Mesmo assim, depois de recomposta, chegou a ultrapassar muitos adversários. Proibida de entrar no estádio, ela deu sua última volta contornando a arena.

4. A primeira corrida feminina
As mulheres não corriam nas Olimpíadas até os Jogos de Amsterdã, em 1928, quando entraram para o calendário as provas femininas de 100 m e 800 m rasos. A prova de 800 m acabou sendo um desastre, barrando novamente as mulheres das corridas olímpicas por décadas. A alemã Lina Radke ganhou a prova, mas muitas de suas adversárias desmaiaram durante o percurso. O então presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) chegou a propor a extinção de todas as modalidades femininas olímpicas. A proposta foi ignorada, mas as mulheres só voltaram a correr os 800 m rasos em 1960, nos Jogos de Roma.

5. Theresa Weld
A skatista norte-americana levou a medalha de bronze nos Jogos da Antuérpia, em 1920. Um dos jurados, porém, chamou a atenção da moça a respeito de manobras consideradas “impróprias para uma dama”.

6. Fanny Durack

A natação feminina só entrou para os Jogos Olímpicos em 1912, em Estocolmo. A vencedora dos 100 metros livre foi a australiana Fanny Durack. O Comitê Olímpico Australiano considerava uma perda de dinheiro mandar mulheres às Olimpíadas. Por isso, quem bancou a ida de Fanny foi sua própria família.

7. Joan Benoit

Até 1984, acreditava-se que mulheres não eram capazes de competir em provas longas de corrida. Os Jogos desse ano, em Los Angeles, foram os primeiros que contaram com a maratona feminina. A norte-americana Joan Benoit foi a grande vencedora, terminando a prova em 2h24min52s. Ela era tão resistente que, ao fim da prova, disse que poderia dar meia volta e correr por mais 40 km.

8. Stacy Dragila

O salto com vara feminino não era um esporte olímpico até os Jogos de 2000, em Sydney. A primeira medalha de ouro saiu para a norte-americana Stacy Dragila.

9. Shabana Akhtar
A atleta paquistanesa de salto em distância terminou em 34º lugar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1996. Apesar de o Paquistão ceder atletas olímpicos desde 1948, ela foi a primeira mulher a representar o país.

10. Basquete feminino
O basquete masculino se tornou um esporte olímpico nos Jogos de 1936. O feminino, no entanto, só em 1976. A primeira equipe vencedora foi a da União Soviética.

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