“O direito de nascer” foi ao ar entre 7 de Dezembro de 1964 e 13 de  Agosto de 1965, transmitida pela TV Tupi de São Paulo e pela TV Rio. Era ambientada em Cuba no início do século 20 – tinha o texto original do cubano Félix Caignet e foi adaptado para a TV brasileira por Teixeira Filho e Talma de Oliveira. “O direito de nascer” já tinha sido exibida como radionovela nos anos 1950. O par romântico, Albertinho Limonta e Isabel Cristina, foi interpretado por Amilton Fernandes e Guy Loup. Mas a trama teve duas outras personagens que também marcaram o público. Uma foi a Mamãe Dolores (Isaura Bruno) e a freira Maria Helena (Nathalia Timberg).

 

 

 

 

Numa primeira fase da novela, a moça Maria Helena engravida e o namorado foge. O pai da moça ordena que ela vá morar numa fazenda bem distante, sob os cuidados de uma ama chamada Dolores. Ali ela tem o filho. Mas Dolores sabia que o pai de Maria Helena (Dom Rafael/Elísio de Albuquerque) tinha dado ordens de matar o menino assim ele nascesse, então ela foge com a criança para salvá-la. Maria Helena acaba indo para um convento. Numa segunda fase, Albertinho (apelido carinhoso dado a ele por mamãe Dolores) torna-se médico e conhece Isabel Cristina. Eles eram primos e não sabiam. A audiência sofreu junto com mamãe Dolores (era assim que Albertinho a chamava), obrigada a guardar uma série de segredos. Um deles: Dom Rafael acabou sendo tratado pelo médico, sem que eles soubessem que estavam ali frente a frente avô e neto.
Um dia depois do capítulo final em São Paulo, todo o elenco desfilou pela cidade em carro de bombeiro, saindo da sede dos Diários Associados, na Rua 7 de Abril, no Centro – e indo em cortejo até o Ginásio do Ibirapuera onde foram recebidos por cerca de 15 mil pessoas. No dia seguinte, no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, o final da novela foi interpretado ao vivo na presença de quase 20 mil pessoas. O beijo do casal Albertinho-Isabel Cristina precisou ser repetido várias vezes, em diferentes pontos do palco, para que todos no ginásio pudessem ver.

A novela teve dois remakes: em 1978, na Tupi, e em 2001, no SBT.

NOVELA O DIREITO DE NASCER - 1978

Os protagonistas de “O direito de nascer” de 1964/1965:

PROTAGONISTAS DE O DIREITO DE NASCER, DE 1964
Nathalia Timberg (1929 -) – Freira Maria Helena
Era ainda um nome que começava a despontar na televisão, embora já fosse uma atriz conceituada em teatro, onde começara no final dos anos 1940. Na televisão, Nathália começou na metade dos anos 1950 participando do “Teleteatro 3 Leões”,  na Tv Paulista; “Teleteatro GE”, na Tv Tupi São Paulo; e no “Grande Teatro”, na TV Tupi Rio.

Isaura Bruno (1926 – 1977) – Mamãe Dolores

Maria Isaura Bruno começou no cinema no finalzinho dos anos 1940. Na metade dos anos 1950 ela começou a fazer teleteatro na TV Paulista Canal 5, como o “Teleteatro 3 Leões”, e já no início dos anos 1960 passou a fazer teleteatro na TV Cultura Canal 2.  Isaura Bruno continuou sendo chamada de Mamãe Dolores mesmo depois do final da novela. Por coincidência, ela participou de “O Preço de Uma Vida”, junto com Amilton Fernandes, ainda em 1965, e depois, em 66, participou de “O anjo vagabundo”, com Guy Loup, que àquela altura já havia mudado o nome artístico para Isabel Cristina.

Guy Loup (1948 -) – Maria Helena

Nasceu em Nice, na França. Seu nome de batismo é Guylène Magdelène Anne Marie France Vercellino. Veio para o Brasil ainda criança e logo foi participar do TESP (Teatro Escola de São Paulo), escola teatral criada por Júlio Gouveia. Começou na TV Tupi em 1958, participando das novelas infanto-juvenis de Júlio Gouveia e Tatiana Belinky. Esteve também em vários programas “TV de Comédia”, “Grande Teatro Tupi” e “TV de Vanguarda”. Sua estreia em novelas aconteceu em “Quando o amor é mais forte”, no início de 1964. Depois de “O direito de nascer”, por sugestão de Cassiano Gabus Mendes, Guy Loup passou a usar o nome artístico Isabel Cristina. Na sequência, ela fez “A outra”; “Somos todos irmãos”; e “Os rebeldes”. Depois dessa novela, ela se afastou da TV. Voltaria em 1986  para “Destino”, no SBT. Depois disso, Isabel Cristina deixou a carreira de atriz. Em depoimento, ela disse que a morte de Amilton Fernandes praticamente decretou seu fim como atriz porque os produtores não viam mais a chance de reviver a parceria em outra novela. Seguiu a vida como artista plástica e desenvolveu também um lado esotérico, tornando-se a “Mãe Gui”.

Amílton Fernandes (1921 – 1968) – Albertinho Limonta

Gaúcho de Pelotas, Amílton foi o ator mais famoso de 1965. Começou como locutor na Rádio Pelotas em 1948. Passou por várias emissoras do Sul e Sudeste, tendo atuado inclusive em radionovelas. Chegou em São Paulo para trabalhar na TV Tupi em 1958. Fazia participações em peças teatrais do programa vespertino “Revista Feminina”. Passou com destaque pelo “TV de Vanguarda” e pelo “TV de Comédia” até estrelar a série cômica “O Príncipe e o Plebeu”, ao lado de Luís Gustavo. Em 1963, passou a participar também de novelas. No início de 1964, em “O segredo de Laura”. ele fez um médico, o Dr Cláudio. Logo depois de “O direito de nascer” e “O preço de uma vida”, ele se transferiu para a Rede Globo, onde fez a novela “O Sheik de Agadir”.  Até que, em 1968, durante as gravações da novela “Sangue e areia”, ele viria a falecer por problemas decorrentes de um acidente automobilístico.