“Arrrarrraquarrra.” O público de A Praça da Alegria, programa da TV Record nos anos 60, se divertia tentando imitar o sotaque da “francesinha” Jacqueline Myrna, uma das primeiras sex symbols da televisão brasileira. A romena de Bucareste, com traços que lembravam Brigitte Bardot, fez um tremendo sucesso por aqui, quando, no intervalo de uma década, se aventurou pelo cinema, teatro, rádio e televisão. Acontece que, de uma hora para outra, Jacqueline Myrna sumiu. Em meados dos anos 70, ninguém mais ouviu falar da atriz, e seu paradeiro se tornou um mistério. O pesquisador Magalhães Júnior contou isso no “Você é Curioso?”, da Rádio Bandeirantes, e ficamos intrigados com a história. Saímos à procura da atriz e, com a ajuda do ouvinte Paulo Ricardo Weller, descobrimos uma pista que nos levou até Jacqueline – que mora em Connecticut, nos Estados Unidos, e agora atende por Jackie Mitler. Ela contou que, no início dos anos 70, foi aos Estados Unidos filmar um seriado e acabou se apaixonando. “Em 9 meses estava casada, e nunca mais voltei”.
Jacqueline Myrna Vulpes nasceu em 4 de dezembro de 1944 – como declarou à revista Intervalo, de 1966, e como consta também nos papeis de entrada dela no país em 30 de outubro de 1959. Ainda bebê, mudou-se para Paris, na França – daí o sotaque com o erre arrastado – e veio para o Brasil com a família na virada de 1960 para 1961.

Entrevista da revista Intervalo (1966) em que Jacqueline Myrna declara ter nascido em 1944
Começou como bailarina, mas logo foi descoberta pelo fotógrafo Constantin Tkaczenko, com quem trabalharia mais tarde no cinema. “Eu era jovem, bonitinha e diferente das moças que apareciam na televisão”, lembra Jacqueline, justificando o interesse dos produtores. Apesar de morar com a mãe, Margareta Vulpes, apelidada pela própria filha de Butzy (“Até os repórteres passaram a chamá-la assim!”), Jacqueline tinha livre-arbítrio para fazer suas escolhas. Estourou em São Paulo, na TV Record, ao entrar para o elenco do humorístico A Praça da Alegria, na década de 60, na pele de uma estrangeira sexy e inocente. “Era só eu falar Arrrarrraquarrra que o público morria de rir!”, lembra. Jacqueline diz também que usou algumas vezes o bordão “Brrrrrrrrrasileiro é tão bonzinho!”, que depois seria associado a Kate Lyra, atriz americana radicada no Brasil, que fez papel semelhante no mesmo programa.
Em 1962, Jacqueline estreou no cinema, em Isto É Strip-Tease, dirigido pelo mesmo Constantin Tkaczenko que a descobriu – ela conta que tinha 13 anos quando fez o filme, mas “já era bem desenvolvida”. A partir daí, a carreira nas telonas deslanchou. Dois anos depois, atuou ao lado de Tarcísio Meira em A Desforra, de Gino Palmisano. O destaque veio em 1966, quando protagonizou As Cariocas, de Walter Hugo Khouri, papel pelo qual levou o prêmio Governo do Estado de Melhor Atriz. Não foi o único troféu que Jacqueline ganhou durante sua temporada no Brasil: ela também guarda um Roquette-Pinto de Revelação Feminina, da época em que atuava na TV Record. Sua beleza lhe fez figurar duas vezes na lista de “As Certinhas do Lalau”, do escritor Stanislaw Ponte Preta, em 1963 e 1965.
Apesar de ter se consagrado como sex symbol, Jacqueline Myrna era mais do que um corpinho bonito. A atriz ficou conhecida por sua capacidade intelectual – falava seis línguas fluentemente: romeno, inglês, francês, italiano, espanhol e português (ela conta que, depois da morte da mãe, há sete anos, não falou mais romeno). Gostava de tocar piano e violão, e de tricotar, Lia John Steinbeck, americano vencedor do Nobel de Literatura, e Carlos Heitor Cony, membro da Academia Brasileira de Letras. Ainda jovem, escreveu um livro de poesias e esboçou um romance.
Antes de se mandar do Brasil, a atriz deixou sua marca em outras duas emissoras – a TV Rio, onde atuou em seriados musicais como Times Square e programas de humor como Viva o Vovô Deville, e a TV Excelsior, pela participação no Moacyr Franco Show. A “francesinha” ganhou um programa diário na rádio Excelsior, chamado “Jacqueline Mon Amour”, que apresentou ao lado de Henrique Lobo durante dois anos. E, como se não bastasse, gravou dois discos, que resultaram nos hits “Francesinha de Araque” e “Cha-cha-chá da Francesinha”. Seu último trabalho por aqui foi no filme Confissões do Frei Abóbora (1971), dirigido por Braz Chediak, em que voltou a contracenar com Tarcísio Meira.

Jacqueline Myrna e Tarcísio Meira no set de A Desforra (1964)
No início dos anos 70, com a fama ainda em auge, Jacqueline Myrna foi aos Estados Unidos para a gravação de um seriado. Sobre o seu sumiço repentino, especulou-se sobre um possível desentendimento entre Jacqueline e o também romeno Jean Melle, fundador do jornal sensacionalista Notícias Populares. Mas, definitivamente, não foi isso que fez Jackie abandonar o país: “No começo, ele implicou comigo mesmo – inventava notícias que não existiam. Mas parou com isso assim que me conheceu pessoalmente”. Quem segurou Jacqueline nos Estados Unidos foi o Dr. Mitler, médico com quem ela acabou se casando. “Ele não quis que eu continuasse minha carreira artística”, lembra, justificando o sumiço da cena. Em 4 de julho de 1974, nasceu a filha do casal, Victoria, que já deu três netos a Jackie. O casamento durou cinco anos. A vovó hoje está solteira, depois de encarar um segundo casamento – dessa vez, por três anos, com um advogado. Junto com a filha e o genro, Ken Pond, abriu uma agência de seguros e uma rede de lavanderias, negócios que, junto ao dinheiro do aluguel de imóveis próprios, sustentam a família. O português fluente – que ainda preserva o sotaque carregado dos tempos da TV – não esconde as saudades que Jacqueline sente do Brasil: “Quem sabe agora eu não tenho a chance de voltar e retomar minha carreira?”.

Foto mais recente de Jacqueline Myrna

Victoria e Ken Pond, filha e genro de Jacqueline Myrna

Os três netos de Jacqueline Myrna
(com colaboração de Júlia Bezerra e Magalhães Júnior. Imagens do arquivo pessoal de Magalhães Júnior)
continua ótima.
Muito bom! parabéns
Adorei a materia e a entrevista na radio sabado dia 04 10 2014.
Parabens, excelente!
Diego Nunes
Osasco SP
adorei a entrevista com a Jacqueline Myrna…parabéns à vocês!!
Adorei, revivi um tempo tão inocente dos programas de TV e de rádio. Parabéns Maga! Parabéns Marcelo e toda a equipe do programa Você é Curioso?
Entrevista maravilhosa no programa “Você é curioso” desse sábado!
Adoro as entrevistas. Amo esse programa. bju para todos
Adorrramos a novidade! Ela ficou emocionada e nós também! Parabéns pela iniciativa.
NOssa!! Viajei no tempo. A Jacqueline continua linda!
Noossaaaa. Que legal. Chorei. Que historia de vida. Parabens a todos os envolvidos na teportagem. Vc continua linda e em nossos corações.
MARCOS GALEGO. JUNDIAÍ;SP
Sempre achei ótimo esse programa,mas perdia de ouvi-lo por ter afazeres em casa.
Maravilhoso acessar a net e poder satisfazer minha curiosidade com as fotos das pessoas e documentos da época em que estavam em evidência!
Continuem assim,
Parabéns
muito boa a entrevista com a jacqueline myrna,parabéns,adorei.
Gostei demais da entrevista com a Jacqueline. Ah! que saudade. E ela, depois de 40 anos ainda fala perfeitamente o português.
Parabéns a vocês pela bela entrevista, que ao fim me fez correr ao computador e ler e ver tudo no Blog.
Parabéns também a inesquecível Jacqueline
Gosto muito do programa, do Marcelo e da Silvania
Adorei a entrevista
Nossa, ela era objeto de meus sonhos ! obrigado Marcelo !
Gratificante e emocionante rever essa maravilhosa atriz que faz parte de um passado sagrado da minha existencia. Parabens a vcs pela excelente mat´eria.
Beijos a ela abraços a vcs
Renato
Bom dia Marcelo, bom dia São Paulo , bom dia Brasil, quero le agradecer para sua gentileza e o carinho que voce e meus faos me mostrou. Tenho tanta saudade do Brasil, dos meus faos e voce trazeu este todo de Volta em um segundo depois de 40 anos. No me imaginava que tinha gente, faos, que se lembravam de mi. Obrigada tambem para Magalhaes, e a sua gentileza. Muita saudade e abrazos e beijinhos para todos. Jacqueline 🙂
Lembro dela no Moacir Franco Show da tv Excelcior.Surpreendente saber que nessa época tinha 13 anos e já muito bela e eu era fã.Reportagem muito bacana.
A entrevista com a Jacqueline Myrna foi excelente. O “Você é Curioso ?” se superou.
sensacional…. sensacional “Voce é Curioso…” minhas lagrmas rolaram, eu sempre lembrava dela, mais – “algumas revistas da época e fofocas diziam que ela mal se despedira de Manoel da Nobrega… esteve muito enferma e ….” ficamos só com sua lembrança boa…
Agora esta surpresa…. cheguei em casa 05 horas da manhã as 10 eu estava no aguardo da entrevista….sensacional…mesmo… parabens Marcelo,Silvana e principalmente Maagalhães junior…
Ps: guardo uma foto dela de minha juventude …vou procurar tb. depois te passo para vc. conferir. marcelo….
Rock.
Adorei o programa assisti muitas vezes a praça da alegria do Manoel da Nóbrega parabéns sou fã de vcs.
NORMA COSTA TRINDADE 4 DE OUTUBRO DE 2014 MINHA OPINIÃO É A MELHOR POSSIVIL,ADOREI A ENTREVISTA COM A JACQUELINE MIRNA, MATEI A SAUDADE DE TANTOS ANOS DE SAUDADES,ALEM DE LINDA TAMBEM É SIMPATICA E ALEGRE,BEIJOS PRA ELA,E A VOCE QUE FEZ A ENTREVISTA,
Maravilha,recordei que em 1966 visitanto a Tv Excelsior canal 9,eu e uma colega de colégio ficamos por quase 20 minutos conversando com Jacqueline com toda cordialidade e carinho verdadeiro natural de um grande ser humano,sendo ainda na época a estrela de primeira grandeza de toda a mídia.Sem frescuras e chiliques que alguns artistas de agora têm,deu amor à aquele par de adolescente que nunca tinha conhecido.Por tudo isso ela passou a ser minha Musa até hoje.Muito feliz de saber que ela esta bem em todos os sentidos no USA,agradeço e parabenizo o voce é curioso.
Parabéns pela entrevista com a Jacqueline.
Ficamos todos emocionados por voltarmos ao tempo….
Ela continua simpática e muito linda.
Não conhecia Jacqueline Myrna, sensacional, magnifica a entrevista e a homenagem que vocês fizeram a ela. Como Araraquarense, fiquei muito orgulhoso!!!Um beijo a Jaqueline Myrna.
Foi emocionante uma entrevista que vale a pena ouvir de novo.
ERRATA : Siares , certo:Soares
Jacqueline Myrna quanta saudade! Beijos
Obrigada Marcelo e Magalhães Junior por este presente!
Adorei o mistério sobre seu paradeiro e o desfecho. Ela foi muito simpática e deu para perceber que ela não esperava todo o carinho que os fãs tem por ela. Espero que ela venha ao Brasil e ao programa, seria inesquecível.
Sensacional!
E ela continua linda!
Interessante como um “sumiço” faz bem para a pessoa e também para os fãs.
A entrevista foi maravilhosa e, não faz muito tempo, passou um filme com a Jacqueline no Canal Brasil.
Valeu recordar um tempo em que éramos inocentes.
Beijos Jacqueline.
Adorei a materia
Gostei muito da materia , já que por muitos anos nada se sabia da Jaqueline.-
Trabalhei bastante com ela na TV. Record , no Corpo de Baile na década de 60.-
Continua bonita, claro uma mulher bonita ; na época bem jovem , com cara de inocente , bem infantil e sensual.- Volta Jaqui !!
Gostei demais dessa reportagem, tão completa!
Parabéns.
Quando lembro que recebi 3 cartas de Jacqueline Mirna acompanhada de fotos autografadas (perdi as fotos) tenho as cartas. Tenho um disco dela (compacto/vinil).
Que bom saber dessa querida atriz.
Obrigado: http://www.flickr.com/cardimfotografo
Trabalhei por 10 anos na extinta TV Excelsior canal 9 (desde sua inauguração em 09/07/1960 e conheci a Jacqueline Mirna, foi excelente essa descoberta, e pondo um ponto final nesse “mistério” de: “onde foi parar a Jacqueline Mirna” Agora, tem outro personagem também da TV Excelsior, que desapareceu, trata-se do Hugo Santana, que entre outras atividades na Excelsior, era o apresentador oficial do famoso “Show do meio dia” que chegava as vezes a lotar o pequeno auditório do então Teatro de Cultura Artística, o qual o canal 9 era inquilino. A última notícia que tive do Hugo, já faz muitos anos, é que ele tinha ido para o México!
Bem que a Jacqueline poderia ser convidada para fazer uma novela na TV por aqui, o que acham ?
Acima de tudo, parabens aos produtores do Programa que resgataram uma das mulheres mais lindas e simpática que êste país já conheceu. O me3lhor de tudo foi perceber que a Jacqueline continua aquela simpatia toda, simplesmente maravilhosa. Não sou hipócrita o suficiente para dizer que ela,físicamente, continua a mesma. Ela é lindíssima para uma mulher com 70 anos, apenas isso, que já é bom demais.
Jacqueline continua bonita. Faz parte de nossas memórias de juventude. A TV tinha ótimos humorísticos. Hoje, há muitos bons comediantes, mas o texto, com raras exceções, é muito ruim. Zorra melhorou, sendo crítico e não medíocre como num passado recente. Viva Jacqueline. Seu lugar é aqui no Brasil. Tomara que retome a carreira. Seus fãs vão adorar.
Parabéns pela sua iniciativa de ter descoberto esse mistério de mais de 40 anos.
Nos anos 60 ví Jacqueline descendo a escadaria que havia do outro lado da Nestor Pestana, em frente a Excelsior. Ela era ao lado de Maria Izabel de Lizandra (na Tupi), as mais belas que cheguei a ver nos meus tempos que frequentava essa emissoras e seus shows.
Mais uma vez parabéns pela descoberta.
Como eu gostava da presença dela na Praça da Alegria, que hoje é A Praça È Nossa.
Pena que o tempo acaba com tudo, que saudade! Hoje ela esta bonita, ela era linda
Parabens pela materia…
Eu gostava muito do desempenho ingenuo dela…
Satisfiz uma curiosidade…