Lançado oficialmente em 1935 nos Estados Unidos, o jogo de tabuleiro Monopoly chegou ao Brasil apenas em 1944. É a versão que conta a Brinquedos Estrela, amplamente divulgada na internet. Mas por que o jogo demorou quase 10 anos para ser comercializado aqui? O que a Estrela lançou em 1944 foi a “versão oficial” do jogo, embora tenha adotado outro nome, Banco Imobiliário. Antes dela, porém, já existia por aqui uma versão do jogo da Parker Brothers com o nome de “Bolsa de Immoveis”, colocada nas lojas muito provavelmente no início dos anos 1940.
“Minha mãe e suas duas irmãs mais velhas ganharam o jogo por volta de 1940, presente de um português, muito amigo do meu avô, comerciante e dono das Lojas da China, no centro de São Paulo”, conta o professor e pesquisador Sérgio Miranda Paz. “Os valores das cartas estão todos em réis e o cruzeiro só foi criado em 1942”.
Depois disso, quando a Estrela já estava comercializando o jogo, apareceu um concorrente similar no mercado. Era o “Banco de Imóveis”, da A.L. Mueller Manufatura de Brinquedos, do Rio de Janeiro. O jogo também era chamado de “Monopólio”, como atesta propaganda veiculada no jornal “A Noite Ilustrada”, de 1947.
A família de Sérgio manteve uma dessas raridades por 75 anos. “Foi o primeiro jogo de tabuleiro da minha vida e de meus sobrinhos”, conta. “A rua mais valiosa era a XV de Novembro, em São Paulo, uma das minhas preferidas na cidade”. Há 5 anos, porém, o armário em que a caixa estava guardada foi atacado e o Bolsa de Immoveis virou pó. Foi inteiramente devorada por cupins. Comoção geral na família.
Sérgio não se deu por vencido. Descobriu que um amigo tinha um exemplar de Bolsa de Immoveis bastante detonado. Sérgio pegou emprestado e pediu que uma designer “apagasse todos os rabiscos do tabuleiro”. O trabalho ficou perfeito. Ele mandou escanear também as cartas. Produziu os prédios e as casinhas em madeira e comprou as notas de dinheiro na 25 de Março. Fez cinco cópias e deu de presente de Natal para as irmãs e para uma prima.
Sérgio fez um exemplar do tabuleiro e das cartas desenhadas por ele para presentear o amigo secreto do Natal. “Tinha sorteado a namorada do meu sobrinho”, relembra Sérgio. “Só que, na semana do Natal, eles terminaram! Dei sorte: a versão feita a mão acabou ficando comigo! O tabuleiro está hoje numa parede da sala de escritório que tenho em casa”.
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Marcelo Duarte, que bacana sua narrativa sobre essa história da família…????
Confesso que reviver os destroços do jogo no cupim não é lá uma boa experiência.
Mas a lembrança de passear pela Rua Augusta no tabuleiro me remete o sabor da infância, e isso é delicioso! Valeu??