Neste domingo, dia 1º, o Complexo Celeste, concentração do Uruguai para a Copa do Mundo de 2014, ganhará ares históricos e emotivos. Os jogadores  irão assistir ao filme “Maracaná”, que retrata a final da Copa de 1950 do ponto de vista dos uruguaios (ou “o jogo que mudou a história de dois países”).

O diretor Andrés Varela, torcedor do Peñarol, foi surpreendido com a notícia. “O assessor de imprensa da Seleção me ligou e disse que o treinador Óscar Tabárez mostrará o filme para os jogadores. Foi uma grande emoção.” O outro diretor, Sebastián Bednarik, ficou orgulhoso. “Se essa sessão especial despertar nos jogadores um sentimento de liderança e reconhecimento igual ao do Obdulio Varela em 1950, será o maior golaço da minha vida”, celebra. “Creio que faz falta na Seleção um líder como o ‘Chefe Negro’”.

Apesar de carregar o mesmo sobrenome, Andrés não é parente de Obdulio. O capitão do time campeão de 50 era conhecido como “O Chefe Negro” pela cor da pele e pela forte personalidade exercida dentro e fora de campo – aspecto muito trabalhado no documentário. Varela é um dos ídolos de Bednarik, que o compara com o capitão atual. “O Lugano é um grande admirador do Obdulio”, afirma. “Ele está com a mesma idade que Obdulio tinha em 50. Por sua liderança e maturidade, creio que Lugano é o que mais se parece com ele.”
Em março deste ano,  “Maracaná” foi exibido pela primeira vez ao público dentro do Estadio Centenário, palco do primeiro título mundial conquistado pelo Uruguai, em 1930. Cerca de 10 mil pessoas foram saudar o atacante Alcides Ghiggia – único sobrevivente entre os 22 campeões de 1950 e autor do gol celeste que silenciou 200 mil vozes que lotaram o Maracanã. Na hora do gol de Ghiggia, o estádio inteiro gritou e festejou como se tivesse acabado de acontecer.

Na noite de lançamento da quinta edição do festival CineFoot, na última quinta-feira, Andrés disse não acreditar que o Uruguai conseguirá repetir a história de 1950. Já Sebastián tem grandes esperanças na equipe atual. “Seria lindo poder fazer uma continuação de ‘Maracaná’”, esfrega as mãos.