RIVER PLATE - SE  BOCA JUNIORS - SE

Na próxima quarta-feira, 6 de março, River Plate e Boca Júnior se enfrentam pela primeira vez. Pela primeira vez, melhor explicado, no Campeonato Sergipano. Os dois times do interior de Sergipe preservam tanto o nome quanto as cores dos escudos e uniformes das equipes argentinas. O Boca Junior (assim mesmo, no singular, e não no plural como o Boca Juniors original) jogará em casa. O estádio Governador Augusto Franco, apelidado de “Francão”, na cidade de Estância, a 68 km da capital, fará o papel de La Bombonera. O estádio tem capacidade para 8.000 pessoas.

Foi o fanatismo pelo futebol da Argentina que levou o paulista – e corintiano! – Gilson Miguel dos Santos a fundar, no dia de Natal de 1993, o Boca Júnior Futebol Clube. A paixão é platônica: ele, que tem um filho chamado Riquelme (em homenagem ao craque argentino), nunca foi a Buenos Aires. “Já me convidaram algumas vezes, mas quero ir preparado para fazer negócios”, sonha alto. Gilson tem planos de um dia firmar uma parceria com o Boca Juniors original.
A curiosa iniciativa dos fundadores do Boca Júnior inspirou um time sergipano a mudar de nome. Em 2007, o São Cristóvão virou Sociedade Esportiva River Plate. Apelidada de Leão Sergipano, a equipe de Carmópolis, cidade que fica a 47 quilômetros da capital Aracaju, foi fundada em 1967. Foi o músico Beto Caju, eleito presidente do time em 2007, que teve a ideia de mudar o nome. A história do River, no entanto, é menos romântica do que a do Boca. Não foi o amor pelo futebol argentino que levou Caju a batizá-lo de River Plate, mas a expectativa de que, com a homenagem, o primo argentino ajudasse a equipe com equipamento e troca de profissionais. Essa parceria, no entanto, não rolou. O máximo que o time consegue é uma divulgação esporádica na mídia argentina, mediada por uma rádio de Goiás.
A expectativa é grande no Estado, mais pelo nome do jogo do que pela rivalidade entre as equipes. “Não encaramos o Boca Júnior como um grande rival, como fazemos com o Sergipe, por exemplo, que já tem uma história com o clube”, confessa Ernando Rodrigues, atual presidente do River Plate sergipano. “Para a nossa equipe, é apenas mais uma partida “. O favorito do primeiro confronto é o River, que vem experimentando uma ótima fase no futebol nacional (participou das duas últimas edições da Copa do Brasil e conquistou o Campeonato Sergipano em 2010 e em 2011). “Pela diferença estrutural entre as equipes, acredito na nossa vitória”, completa Ernando. Uma curiosa ironia: foi justamente nesses anos a pior fase dos últimos tempos do hermano argentino River Plate, que caiu para a segunda divisão do Campeonato Argentino.
Atualização: o jogo terminou empatado em 0 x 0 e teve um público pagante de 149 torcedores. Mais umas mil e poucas pessoas entraram de graça porque o Boca distribuiu ingressos de cortesia.