Enquanto o Brasil se preparava para entrar em campo e enfrentar o Chile, esta noite, eu estava no gramado do Loftus Versfeld, em Pretoria, vendo a Seleção do Paraguai fazer o “reconhecimento do gramado”.  Os jogadores entraram de agasalho. Alguns tiraram fotos com suas câmeras digitais, outros ficaram conversando ao celular. Andaram pelo campo por 3 ou 4 minutos. O técnico Gerardo Martino e o meia Riveros foram para a sala de imprensa, lotada, e falaram aquilo de sempre sobre  o jogo de amanhã contra o Japão. A coletiva acabou às 20h25. Deu tempo de correr e acompanhar o primeiro tempo da partida do Brasil pela TV do centro de imprensa. A torcida ali era toda do Chile. Por isso, no segundo tempo, fomos – o editor Caio Salles e o motorista Pierre Lombard – rapidinho para  um restaurante ao lado do estádio.
Por uma grande coincidência,  em todos os jogos do Brasil nesta Copa  tem sido mais ou menos assim. Na estreia contra a Coreia do Norte, por exemplo, eu estava numa cidade chamada Kroonstad, que nem é uma das sedes da Copa. Ela fica na metade do caminho entre Bloemfontein e Johanesburgo. Paramos para dormir na cidade e fomos ver o jogo num restaurante. Acho que éramos a única mesa interessada no jogo.  Contra a Costa do Marfim, eu estava cobrindo o treino da Seleção Espanhola no mesmo horário. Também tive que me contentar em ver o jogo na TV da sala de imprensa. Pelo menos, daquela vez, a torcida era verde e amarela. Quando Luís Fabiano abriu o marcador, um jornalista espanhol gritou: “Gol do Sevilla!”.
Para a  terceira partida, contra Portugal, fui enviado para o território inimigo. Fiz uma reportagem sobre a torcida no Futebol Clube Sporting, um clube da colônia portuguesa em Johanesburgo. Havia umas 30 pessoas no restaurante do clube, devorando tremoços e bolinhos de bacalhau, e virando copos de caipirinha. É bem complicado torcer na torcida adversária. Pelo menos, com o 0 x 0, sai são e salvo de lá.