Manuel dos Santos nasceu no dia 28 de outubro de 1933, em Pau Grande, município de Magé (RJ). Seu pai, porém, demorou a registrá-lo e quando o fez, errou na hora de dizer a data ao escrivão. Por isso, na certidão de nascimento, consta o dia 18.
O jogador passou a assinar o nome como “Manuel Francisco dos Santos” depois que o chefe da seção da fábrica onde trabalhou acrescentou o nome em uma ficha para evitar confusões com outros “Manuéis”.
O apelido veio do nome de um passarinho que ele caçava nos arredores da cidade.
Garrincha era operário da América Fabril e jogava no Esporte Clube Pau Grande, em 1952, quando recebeu convite para treinar no Botafogo. Mas só apareceu no clube quase um ano depois para fazer o teste. “Sabe como é”, justificou. “Quem trabalha em fábrica não pode sair a qualquer hora, não. O patrão manda a gente embora.”
Garrincha ficou famoso por suas pernas tortas. A diferença entre uma e outra era de 6 centímetros. Reação do técnico do Botafogo, Gentil Cardoso, ao ver Garrincha no vestiário, preparando-se para entrar em campo, com suas pernas tortas, antes do primeiro treino no clube: “Neste time aparece de tudo. Até aleijado”.
Teve 14 filhos. Oito meninas com Nair, a primeira mulher: Teresa, Edenir, Marinete, Juraciara, Denise, Maria Cecília, Teresinha Conceiçóo e Cíntia Maria; um casal com a namorada Iraci: Manoel e Márcia; um menino com a cantora Elza Soares: Manoel Garrincha dos Santos; uma menina com a última mulher, Vanderléia: Lívia. Garrincha é pai também de Jon, filho de um romance com uma sueca, durante a Copa de 1958, e de Rosângela, nascida de um caso que teve na década de 1950 com Alcina Alves Cunha.
Diz a lenda que, em 1958, depois de ouvir atento às instruções do técnico Vicente Feola antes do jogo contra a União Soviética, ele perguntou: “Mas o senhor já combinou tudo isso aí com os russos?
Foi expulso uma única vez em toda a carreira. Aconteceu na semifinal da Copa de 1962, contra o Chile. Respondeu a uma cusparada e um tapa no rosto dado pelo adversário Eládio Rojas com um inocente e tímido pontapé na bunda. No entanto, a súmula desse jogo se perdeu, o árbitro sumiu e o craque pôde jogar a final, na qual o Brasil foi campeão após vencer a Tchecoslováquia por 3 x 1.
Garrincha jogou de 1953 a 1965 no Botafogo. No fim de carreira, já com o joelho direito arruinado, ele perambulou pelo Corinthians, Portuguesa carioca, Flamengo, Bangu, clubes da Bolívia e da Colômbia.
Certa vez, antes de uma partida internacional, um repórter lhe perguntou: “Quem é o lateral que vai te marcar?” Ele respondeu: “Escreve aí que é um tal de João”. A partir daquele dia, todas as vítimas que Mané Garrincha entortou pela vida seriam identificadas como “João”.
Uma das histórias mais famosas de Garrincha: em 1958, durante a Copa da Suécia, ele apaixonou-se por um rádio Telefunken. Entrou na loja com o companheiro Orlando Peçanha, que resolveu aprontar. “Bobagem, Mané”, disse Orlando. “Esse rádio só fala em alemão”. Garrincha desistiu da compra.
“Obrigado, muito obrigado mesmo, meu Brasil querido.”
(No jogo de despedida, dia 19 de dezembro de 1973, no Maracanã).
Foi homenageado pela Mangueira no Carnaval de 1980. Participou do desfile, mas estava completamente dopado por um remédio. Ele tinha acabado de sair de uma internação por causa do alcoolismo.
Em 17 de fevereiro de 2005, entrou em cartaz um filme sobre a vida do jogador, inspirada no livro “Garrincha – Estrela Solitária”, de Ruy Castro. Garrincha é protagonizado pelo ator André Gonçalves. Para não enfrentar uma batalha judicial com a família, a produção fez um acordo: criou 12 cotas para os herdeiros, pagando 3 mil reais e 0,3% da bilheteria para cada um.
A Rede Globo foi condenada em 17 de agosto de 2005 a pagar 3,9 milhões de reais para a família de Garrincha. A empresa usou, sem autorização, a imagem do craque.
Quem pagou o velório e o enterro do Anjo das Pernas Tortas foi o cantor Agnaldo Timóteo.