Nas histórias de mundo pós-apocalíptico, o cinema e a televisão costumam apresentar cenários cinzas, com cidades destruídas e em ruínas. “Sweet Tooth”, uma das novas séries da Netflix, foge desse lugar comum. Gus, um híbrido parte humana e parte cervo, faz amizade com um solitário errante, o Grandão. Eles partem para uma jornada por um mundo devastado, que sofre os efeitos de um flagelo.
No Brasil, o título “Sweet Tooth” foi traduzido para “Bico Doce”, expressão em inglês para quem gosta muito de doces. No caso, esse é o apelido do pequeno Gus, que tem uma queda por guloseimas. A série é baseada nas histórias do quadrinista canadense Jeff Lemire, publicadas pela DC entre 2009 e 2013. De carona na série, a Editora Panini está lançando uma coleção de três volumes reunindo as 40 edições originais.
Os quadrinhos de Lemire têm traços rudes e sombrios. “A trama é crua e selvagem, cheia de críticas sociais e morais, com fortes questões religiosas”, afirma o especialista Sílvio Alexandre. A Netflix, no entanto, optou por uma proposta de esperança em meio à escuridão. Ela atenua a violência e transita mais pela ciência, abordando, por exemplo, a vacina e o uso de máscaras. Mas manteve o teor agridoce e provocador, que usa o medo como controle político e discute temas como intolerância, preconceito e segregação.
A produção executiva ficou a cargo de Robert Downey Jr. e sua esposa, Susan, que nos entregam uma lição sólida e atual sobre as consequências das ações humanas no mundo. Imperdível!