Tudo tem a ver com o sistema posicional dos algarismos como conhecemos hoje, ou seja, da ordem de unidades, dezenas, centenas, milhares, etc para se representar um número composto pelas combinações entre os 10 algarismos existentes em nosso sistema.

“O zero é uma criação dos algarismos hindu-arábicos, no século III. Para não haver uma interpretação dúbia nas casas vazias, foi preciso criar um símbolo para representar esse vazio”, explica Rogério Mol, professor do departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais. “O símbolo teria sido baseado na letra grega omicró, inicial da palavra ouden, que quer dizer ‘lacuna, nada'”.

Em resumo: o número 209, por exemplo, representa duas centenas e mais nove unidades. A casa das dezenas não possui nenhum valor. O zero entra para representar justamente esse vazio. Caso contrário, ele poderia ser confundido com o 29.

Os romanos não possuíam esse problema porque tinham um sistema de numeração que não estava baseado nas dezenas, como nos algarismos hindu-arábicos, nem no número 60 como faziam outros povos babilônicos. O sistema desenvolvido em Roma não era posicional, mas sim baseado em somas e subtrações.

A unidade é representada pelo I, o conjunto de cinco unidades pelo V a dezena pelo X, o conjunto de cinco dezenas pelo L, o 100 pelo C e assim por diante. Basta, então, somar o valor das letras para se encontrar o número – se uma letra de valor menor aparecer antes de outra de valor maior, deve-se subtrair e não somar.

Além disso, a ausência de zero nos algarismos romanos também tem relação com a influência grega na sociedade romana: “Os matemáticos e filósofos gregos trabalhavam ao máximo para negar o zero, a ausência de unidades em um conjunto”, explica Rogério Mol.  Ao longo dos anos, a numeração grega evoluiu e eles começaram a usar um símbolo para o zero semelhante a um “h” invertido. A numeração romana, no entanto, continuou a mesma.