Os editores dos principais jornais do país não economizaram criatividade nas capas da edição do dia 9 de julho.  No dia anterior, a Seleção Brasileira havia perdido de 7 x 1 para a Alemanha naquele que foi o pior resultado de seus 100 anos de história.  Como tratar de um assunto que mexeu tanto com o país? Puxar pelo lado emocional, mostrar a vergonha que todos estávamos sentindo ou rir da situação?

Capas da eliminação do Brasil em 2014

Como alguns jornais mostraram a maior derrota nacional da história

Lembro de ter passado por situação parecida na Copa de 1998, fazendo a cobertura para a revista Placar. O Brasil perdeu a final para a França por 3 x 0 – a maior diferença de gols até então sofrida pela Seleção num jogo de Copa do Mundo. Para a capa, escolhemos uma foto de Dunga cabisbaixo. Fizemos uma moldura preta e a ideia inicial era não escrever nada. Seria algo como “sem palavras”.  Parecia ousado demais e, no final das contas, a decisão coletiva foi escrever  “Adeus, Penta”.
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Aproveitei a situação para ver como os jornais passaram a sintetizar, a partir da Copa de 1950, a dor brasileira em sua primeira página. Aqui estão algumas capas das eliminações anteriores do Brasil em Copas do Mundo: “Duas falhas lamentáveis tornaram mais patente uma tarde infeliz dos jogadores patrícios.” Essa foi a manchete da edição de 17 de julho de 1950, do jornal O Globo. A seleção nacional, diante de 200 mil torcedores, perdeu para o Uruguai por 2×1, naquele que era o maior vexame do futebol brasileiro. Não é mais. A capa foi composta pela fotos dos campeões uruguaios e por notícias que envolveram a grande final, como um senhor que morreu de emoção depois da partida e turistas do país vizinho que sofreram ameaças de brasileiros.

A fatídica capa do Maracanazo

A fatídica capa do Maracanazo

A mais famosa capa de uma eliminação brasileira foi publicada em 6 de julho de 1982.  Uma foto de um garoto, vestido com a camisa do Brasil e chorando nas arquibancadas do Estádio Sarrià, trazia apenas o local e a data da partida. Naquela tarde, José Carlos Vilella assistia junto com seus pais, a convite de João Havelange, o então presidente da FIFA, à trágica derrota do Brasil para a Itália, de Paolo Rossi. O garotinho era filho de José Carlos Vilella, advogado conhecido como “Rei do Tapetão”, famoso por consertar os erros do Fluminense no tribunal. O símbolo daquela eliminação seguiu a mesma profissão do pai. A foto de Reginaldo Manente entrou para a história.

O garotinho, junto com Paolo Rossi, marcou a "Tragédia do Sarrià"

O garotinho foi o resumo da “Tragédia do Sarrià”

Outro anônimo apareceu na edição de 22 de junho de 1986 de O Estado de S. Paulo, quando a seleção foi eliminada pela França, com pênaltis perdidos por Zico e Sócrates. O jornal destacava os 16 anos sem título.

Na capa do "Estadão", um anônimo brasileiro representava todos

Na capa do “Estadão”, um anônimo brasileiro representou uma nação

Na final da Copa de 1998, o personagem principal do país foi Ronaldo, que, momentos antes do jogo, foi parar num hiospital por causa de uma convulsão. O time entrou em campo abalado emocionalmente e perdeu por 3×0 – naquela época, os 3 x 0 eram chamados pelos brasileiros de “derrota acachapante”.

Em 1998, além de sofrer a pior derrota, amargou a incerteza de um ídolo

Em 1998, além de sofrer a pior derrota, amargou a incerteza de um ídolo

No destaque abaixo, mais capas que retrataram eliminações do Brasil em Copas:

Capas de 1954, 1966, 1974, 1978, 1990, 2006 e 2010.

Capas de 1954, 1966, 1974, 1978, 1990, 2006 e 2010.

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