Os editores dos principais jornais do país não economizaram criatividade nas capas da edição do dia 9 de julho. No dia anterior, a Seleção Brasileira havia perdido de 7 x 1 para a Alemanha naquele que foi o pior resultado de seus 100 anos de história. Como tratar de um assunto que mexeu tanto com o país? Puxar pelo lado emocional, mostrar a vergonha que todos estávamos sentindo ou rir da situação?
Lembro de ter passado por situação parecida na Copa de 1998, fazendo a cobertura para a revista Placar. O Brasil perdeu a final para a França por 3 x 0 – a maior diferença de gols até então sofrida pela Seleção num jogo de Copa do Mundo. Para a capa, escolhemos uma foto de Dunga cabisbaixo. Fizemos uma moldura preta e a ideia inicial era não escrever nada. Seria algo como “sem palavras”. Parecia ousado demais e, no final das contas, a decisão coletiva foi escrever “Adeus, Penta”.
Aproveitei a situação para ver como os jornais passaram a sintetizar, a partir da Copa de 1950, a dor brasileira em sua primeira página. Aqui estão algumas capas das eliminações anteriores do Brasil em Copas do Mundo: “Duas falhas lamentáveis tornaram mais patente uma tarde infeliz dos jogadores patrícios.” Essa foi a manchete da edição de 17 de julho de 1950, do jornal O Globo. A seleção nacional, diante de 200 mil torcedores, perdeu para o Uruguai por 2×1, naquele que era o maior vexame do futebol brasileiro. Não é mais. A capa foi composta pela fotos dos campeões uruguaios e por notícias que envolveram a grande final, como um senhor que morreu de emoção depois da partida e turistas do país vizinho que sofreram ameaças de brasileiros.
A mais famosa capa de uma eliminação brasileira foi publicada em 6 de julho de 1982. Uma foto de um garoto, vestido com a camisa do Brasil e chorando nas arquibancadas do Estádio Sarrià, trazia apenas o local e a data da partida. Naquela tarde, José Carlos Vilella assistia junto com seus pais, a convite de João Havelange, o então presidente da FIFA, à trágica derrota do Brasil para a Itália, de Paolo Rossi. O garotinho era filho de José Carlos Vilella, advogado conhecido como “Rei do Tapetão”, famoso por consertar os erros do Fluminense no tribunal. O símbolo daquela eliminação seguiu a mesma profissão do pai. A foto de Reginaldo Manente entrou para a história.
Outro anônimo apareceu na edição de 22 de junho de 1986 de O Estado de S. Paulo, quando a seleção foi eliminada pela França, com pênaltis perdidos por Zico e Sócrates. O jornal destacava os 16 anos sem título.
Na final da Copa de 1998, o personagem principal do país foi Ronaldo, que, momentos antes do jogo, foi parar num hiospital por causa de uma convulsão. O time entrou em campo abalado emocionalmente e perdeu por 3×0 – naquela época, os 3 x 0 eram chamados pelos brasileiros de “derrota acachapante”.
No destaque abaixo, mais capas que retrataram eliminações do Brasil em Copas:
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