Em 1608, o fabricante de óculos alemão Joahnn Lippershey (c.1570-c.1619) estava entretido em sua oficina em Midelburgo, na Holanda, quando ouviu uma exclamação de espanto. Voltou-se e viu seu aprendiz olhando através de duas lentes. Ao juntar dois vidros, a torre da igreja distante parecia muito mais próxima e de cabeça para baixo. Lippershey enxergou (literalmente!) o alcance do achado dos meninos e pôs-se a fabricar telescópios. Encaixou as lentes dentro de um cilindro, mantendo a distância apropriada entre elas para corrigir a imagem. A popularidade do invento levaria Lippershey a pedir ao governo holandês que o seu “instrumento para ver à distância” fosse mantido secreto e que, durante trinta anos, “toda a gente possa ser proibida de imitar esses instrumentos” ou então lhe fosse concedida uma pensão anual, a fim de lhe permitir fazer esses instrumentos para utilidade exclusiva do país, sem vender a reis e príncipes estrangeiros.
Lippershey não obteve a licença exclusiva para comercializar o produto porque dois outros fabricantes de óculos reclamaram no mesmo período a primazia da invenção. Em 1609, o matemático italiano Galileu Galilei (1564-1642) construiu seu telescópio, que aumentava nove vezes os objetos, enquanto o de Lippershey permitia uma ampliação de sete vezes. Dia 25 de agosto, no alto da torre da Praça de São Marcos, os senadores da República de Veneza acotovelaram-se para ver a novidade. Naquela mesma noite, Galileu descobriu que a Lua não tinha uma superfície lisa, como se pensava, mas era cheia de montanhas e crateras.