Alexander Selkirk (Robison Crusoe)
O marinheiro escocês Alexander Selkirk (1676-1721) reclamou das condições do navio Cinque Ports em que viajava e pediu que o deixassem numa ilhota chamada Más-a-Tierra, no Pacífico Sul, a 670 quilômetros da costa do Chile, hoje bastante procurada por turistas. Isso aconteceu em setembro de 1704. Ele desceu da embarcação apenas com uma espingarda, um facão e uma Bíblia. Viveu ali sozinho quatro anos e quatro meses até ser resgatado pelo galeão inglês St. George, em 1º de fevereiro de 1709. Essa foi a fonte de inspiração para Daniel Defoe escrever A vida e estranhas e surpreendentes aventuras de Robinson Crusoe de York, marinheiro.
Conde de Huttington (Robin Hood)
Os primeiros textos que narram as aventuras do ladrão de Sherwood datam do século XIV. Alguns estudiosos acreditam que elas se inspiraram na vida do conde de Huttington, Robert Fitzhooth. Ele viveu na Inglaterra no fim do século XII. Nessa época, as terras pertenciam aos senhores feudais, que maltratavam muito os camponeses. A princípio, Robin aparece como um simples ladrão de estrada, que evita a todo custo ser capturado. Obras posteriores já o apresentam como um nobre destituído erroneamente de seu título. Para tirar dos ricos e dar aos pobres, ele conta com a ajuda do grandalhão João Pequeno, do Frei Tuck e do destemido Will Scarlet. O quartel-general dos ladrões é a Floresta de Sherwood, localizada entre as cidades de Nottingham e Worksop (Inglaterra). É lá que eles bolam estratégias para combater seu principal inimigo, o vil e ganancioso xerife de Nottingham. Nas histórias também é mencionado um romance entre o herói e uma jovem da corte, Lady Marian.
Delphine Delamare (Emma Bovary)
Delphine Delamare (1822-1848), filha de um próspero fazendeiro e educada numa escola finíssima, casou-se com um médico simples do interior da França. Ela sonhava com uma vida mais agitada, gastava dinheiro de forma extravagante, teve muitos amantes e acabou se suicidando com arsênico. Ao ouvir a história contada por um amigo, Gustave Flaubert escreveu Madame Bovary, em 1857.
Joseph Bell (Sherlock Holmes)
Depois de observar qualquer estranho, o dr. Bell (1837-1911), um cirurgião de Edimburgo, era capaz de deduzir muito de sua vida e de seus hábitos. Isso impressionou um de seus alunos, Conan Doyle, que admitiu ter “usado e ampliado seus métodos quando construiu o detetive Sherlock Holmes”.
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Vlad Tepes (Conde Drácula)
Vlad Tepes (1431-1477) nasceu na Transilvânia e governou outra região da Romênia, a Valáquia, entre 1448 e 1476. Virou herói nacional na luta contra os turcos. Seu pai, também chamado Vlad, fora nomeado cavaleiro da Ordem do Dragão. Dragão em romeno é Dracul, a mesma palavra usada para “demônio”. O sufixo “a” significa “filho” em romeno. Tepes, filho de Dracul, virou Drácula. Tepes era conhecido também como “o empalador”. Na empalação, o condenado era espetado, pelo ânus ou pelo umbigo, em uma estaca fincada no chão. A vítima tinha o corpo atravessado até morrer. O romancista irlandês Bram Stoker passou vários anos pesquisando folclore europeu e as histórias mitológicas dos vampiros. Até que se inspirou na figura romena para escrever “Drácula” em 1897.
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William Brodie (Dr. Henry Jekyll e Mr. Edward Hyde)
Como nasceu a história de O médico e o monstro? William Brodie (1741-1788) era um homem de negócios respeitado e fazia até parte do conselho da cidade de Edimburgo, na Escócia. Isso durante o dia, porque descobriu-se que, à noite, ele era chefe de uma quadrilha de ladrões. O escritor Robert Louis Stevenson ficou fascinado com a história desse compatriota de dupla personalidade e escreveu “O estranho caso do dr. Jekyll e mr. Hyde” em 1886.
Joaquín Murieta (Zorro)
O mexicano Joaquín Murieta (1829-1853) foi líder de um grupo de bandidos que aterrorizou a Califórnia espanhola. Para seus compatriotas, era considerado uma espécie de “Robin Hood” – roubava para ajudar famílias hispânicas pobres da região. Murieta acabou sendo preso, foi decapitado, e teve a cabeça exposta publicamente. Um ano depois da morte dele, o jornalista John Rollin Ridge escreveu o livro “The Life and Adventures of Joaquín Murieta, The Celebrated California Bandit”. O livro teria chamado a atenção do escritor americano Johnston McCulley. Murieta teria servido de inspiração para o jovem fidalgo Don Diego de la Vega em “A Maldição de Capistrano”, lançado em 1919. Tempos depois, a obra seria rebatizada como “As Aventuras de Zorro”.
Palle Huld (Tintim)
Em 1928, para celebrar o centenário do nascimento do romancista francês Júlio Verne, o jornal dinamarquês “Politiken” promoveu um concurso entre adolescentes do país. O vencedor da competição teria a chance de escrever reportagens em uma volta ao mundo, com todas as despesas pagas. Mas em 80 dias, como na história de Verne. O vencedor teria, no máximo, 46 dias. O ganhador foi Palle Huld, de 15 anos, passou por Inglaterra, Escócia, Canadá, Japão, Coreia, China, União Soviética, Polônia e Alemanha em 44 dias. A façanha chegou aos ouvidos do escritor e desenhista belga Hergé, que lançou Tintim no ano seguinte. Huld se tornaria um ator de sucesso em seu pais. Ele morreu em 2010, aos 98 anos.
Gregorio Fuentes (O Velho e o Mar)
Embora o escritor Ernest Hemingway tenha dito que não se inspirou em ninguém em especial para criar o personagem Santiago de “O Velho e o Mar”, de 1954, muita gente enxergou semelhanças entre ele e o espanhol Gregorio Fuentes (1897-2002), que foi capitão do barco do escritor, Pilar. Fuentes se beneficiou disso, cobrando para dar entrevistas e até mesmo para tirar fotos com turistas. Morreu aos 104 anos – sem nunca, dizem, ter lido o livro. Para outros, no entanto, Santiago lembra muito mais Carlos Gutiérrez, piloto de Hemingway antes de Fuentes.