A polêmica surgiu no “Você é Curioso?” de sábado passado. Duas lojas disputam o título de fabricante original do chapéu de Indiana Jones. Uma em Londres e outra em Campinas, no interior de São Paulo. A inglesa é a Herbert Johnson e a campineira, a Chapéus Cury. O Blog do Curioso prometeu e foi atrás das duas lojas para tentar acabar com este mal entendido.

INDIANA JONES
A fabricante inglesa Herbert Johnson, que hoje atua junto com a Swaine Adeney Brigg, loja londrina de guarda-chuvas tradicionais, garante: em 1980, o ator Harrison Ford e o diretor Steven Spielberg entraram na loja atrás de uma encomenda bem específica: um chapéu que caracterizasse o protagonista de um novo filme de aventuras. Era o primeiro da trilogia Indiana Jones.

A loja usou o molde de seu chapéu mais clássico e antigo – o The Poet. Modificou alguns detalhes, ajustou o tamanho às medidas de Harrison Ford e escolheu um tom de marrom chamado sable (que significa zibelina, mamífero cujo couro é usado na fabricação de casacos). O trabalho resultou em um chapéu estilo safári, que protegia tanto os olhos como o pescoço de Ford, e tinha os cantos mais estreitos, o que facilitava os ângulos das câmeras. A fita que envolve o chapéu, originalmente de 50 mm de largura, foi afinada para 39 mm, para que o acessório parecesse mais alto e imponente, dando ao personagem a identidade pretendida por Spielberg. Só para o primeiro filme, o diretor encomendou 45 chapéus, que foram usados por Harrison Ford e seus dublês.

Em entrevista à repórter Júlia Bezerra, Nicky Manning, representante de vendas da Herbert Johnson, disse que a fábrica nunca se preocupou em registrar a patente da peça. Por isso, o chapéu de Indiana Jones nunca foi registrado. A réplica do chapéu original está à venda no site da loja por 215 libras. Na Amazon, há uma versão simplificada (do mesmo fabricante) por 115 dólares.

Deste lado do Atlântico, os moradores da cidade de Campinas garantem que ele foi fabricado na Chapéus Cury. O Blog do Curioso também entrou em contato com o fabricante. Apesar de os funcionários não negarem a veracidade da história, eles não são autorizados a falar sobre isso. “Quem trata do assunto é o departamento de marketing, mas no momento nós estamos sem esse departamento”, disse a responsável pelo RH. Em entrevista publicada pelo portal G1, a cineasta Julia Zakia, bisneta de José Zakia, um dos fundadores da fábrica, ao lado de Miguel Vicente Cury, duas vezes prefeito da cidade, declarou: “O modelo foi criado nos Estados Unidos, mas como precisavam de uma grande quantidade para venda, a Cury assumiu a produção dos chapéus”.

Para aumentar a controvérsia, uma versão que ajuda a desvendar o mistério foi apresentada no site Indy Gear, criado por estudiosos dos equipamentos usados nos filmes da saga de Indiana Jones. Lá, a história de Herbert Johnson é reafirmada, mas apresenta um detalhe importante: a carapuça de feltro utilizada na confecção dos chapéus oficiais teria sido importada do Brasil – mais especificamente, da tradicional fábrica de chapéus Cury.