Como é que a figura do gênio italiano Leonardo Da Vinci foi parar no rótulo da cachaça Velho Barreiro? Pelo que pesquisei, Da Vinci era apaixonado por vinho, que ele chamava de “licor divino de uva”.
A Velho Barreiro foi criada pelo imigrante austríaco Adolf Höfer, em Itapetininga, no interior de São Paulo, na década de 1960. Sua história é cercada de lendas, mistérios e interrogações. Uma das versões sustenta que um dos parentes de Höfer tinha muito amor por um joão-de-barro de estimação chamado “Velho Barreiro”. Por isso, ele teria escolhido o nome do pássaro para o produto. Há quem diga que isso não passa de conversa de botequim.
Giovani Moser, colecionador e idealizador do Museu da Cachaça de Santa Catarina (ainda no papel), conta que o primeiro nome da bebida foi Barreirinho, porque era fabricada na Fazenda Barreiro, de Höfer. Sem saber ler, alguns clientes costumavam identificar o produto pela imagem que viam no rótulo. Foi assim, por exemplo, com o leite condensado Moça. O mesmo deve ter acontecido com a apelidada “Cachaça do Velho”, depois rebatizada de Velho Barreiro.
Admirador do trabalho de Da Vinci, Höfer resolveu lhe prestar uma homenagem no rótulo. Outra divergência aqui. A Velho Barreiro diz que a imagem pode ter sido tirada “Tavola Lucana”, autorretrato atribuído ao pintor, de 1505. Só que pouco se sabia sobre a “Tavola Lucana” até sua descoberta em 2008. Chegou-se a dizer que o retrato seria de Galileu Galilei. O mais provável é que a figura do rótulo tenha vindo de um retrato feito pelo gravurista italiano Raffaello Morghen no final do século XVIII. De todo o modo, não existem documentos que comprovem essa afirmação. “Nossa missão de descobrir a veracidade histórica dos acontecimentos ainda não está concluída”, me responde a empresa.
A marca foi comprada em 1973 pelo imigrante português Manuel Tavares de Almeida, que havia deixado Portugal em 1949, aos 18 anos, para virar bilionário no Brasil. Ele montou inicialmente uma rede de padarias. Depois comprou imóveis, bares, postos de gasolina, participação num banco (Luso-Brasileiro), um hotel, uma usina de álcool e montou, com a compra da Tatuzinho e da Velho Barreiro, as Indústrias Reunidas de Bebidas Tatuzinho Três Fazendas.
