Desde 2009, a startup americana Affectiva desenvolve tecnologias para identificar as emoções por meio de leitura facial. Os serviços já são utilizados por diversas companhias para monitorar as reações de seus consumidores ao conteúdo digital produzido. A novidade agora entrou no mercado automobilístico.
O objetivo é aumentar a segurança na hora de dirigir. Estatísticas indicam que uma em cada dez batidas de carro estão relacionadas à sonolência no volante. Para evitar que tais fatores levem a acidentes, a tecnologia faz uso de microfones e de duas câmeras, que captam informações como a quantidade de vezes que o olho do motorista pisca por segundo e o número de bocejos. Também escaneia o corpo do condutor em busca de sinais de fadiga e cansaço.

A invenção é capaz até mesmo de detectar os níveis de raiva do motorista, considerando suas expressões e o tom de voz de suas reações. Como antídoto, ele oferece exercícios de relaxamento guiados e, quando possível, sugere pequenas paradas para evitar ações impulsivas no trânsito. É possível até programar o software para tocar uma seleção de músicas escolhidas pelo piloto. O sistema de inteligência artificial faz uso de uma base de dados “emocional” que é fruto de anos de uma coleta realizada pelos outros aplicativos da Affectiva – o Brasil é, inclusive, uma das principais fontes.
O serviço também visa os veículos autônomos. Nesse caso, o software foca no monitoramento de fatores externos, como chuvas ou trânsito para determinar se a direção do carro deve ser transferida para seu “copiloto”. Essas informações são combinadas com a análise visual do motorista para saber se este está realmente em condições ideais para pilotar. A invenção surge em meio ao recente escândalo envolvendo um carro autônomo operado pela empresa Uber, que atropelou e matou uma ciclista no Estado do Arizona, nos Estados Unidos.

Sensores de fadiga estão presentes em automóveis desde meados dos anos 2000, mas esses primeiros dispositivos se limitavam a analisar a interação do motorista com elementos do próprio automóvel, como o volante e os pedais, e seu único modo de intervenção se dava por meio de alarmes sonoros. Mesmo os softwares de inteligência artificial mais sofisticados dos últimos anos, como Car Play (2014), da Apple, e o Android Auto (2015), da Samsung, ainda não haviam incorporado a leitura emocional como dispositivo de segurança. Outro fator que diferencia o aplicativo dos anteriores é a precisão, uma vez que a análise é feita em tempo real e utiliza uma quantidade maior de fatores para determinar suas intervenções.
O novo serviço é fornecido diretamente às montadoras de carro, e o site da Affective informa que a startup já firmou parcerias com gigantes do mercado automotivo, como a BMW.