Dois americanos da cidade americana de Rockford, no Estado de Illinois, decidiram criar o primeiro Museu Nacional e Hall da Fama de Bobbleheads – bonecos de cabeça mole, que se mexem quando recebem um leve peteleco. Para realizar o desejo, Phil Sklar e Brad Novak divulgaram o projeto no site de financiamento coletivo Kickstarter,  pretendendo arrecadar 250 mil dólares. A curiosa ideia, porém, parece não ter entusiasmado muita gente. Eles conseguiram 49 mil dólares de 321 doadores. “Nós já temos membros em 40 dos 50 Estados americanos e não vamos desistir da ideia”, afirmou Sklar ao Blog do Curioso. “Buscaremos patrocinadores, apoio do governo, investidores e pequenos empréstimos para abrir o local”. Juntos, os americanos pós-graduados em marketing pela conceituada Kellogg School of Management – hoje desempregados para tocar o projeto – possuem 3 mil bobbleheads, espalhados por todos os cômodos da casa dos dois – e eles esperam chegar até os 10 mil bonecos ao fim de 2016, quando o museu será inaugurado, em Milwaukee. “Quando os bonecos invadiram a cozinha, decidimos que algo deveria ser feito”, conta Phil Sklar. “O museu trará muito prazer aos visitantes, e ainda eles poderão ter bobbleheads personalizados, que serão feitos em uma máquina 3D.”

BobbleheadsO primeiro registro de um ancestral do bobblehead é de 1842, no conto “O Sobretudo”, do escritor russo Nikolai Gogol, em que o personagem principal é descrito como tendo “os pescoços dos gatos de gesso que mexem as cabeças”. Os bonecos se popularizaram nos anos 1960, quando o craque de cada time da liga americana de beisebol teve seu rosto desenhado em um bobblehead – não, não significa “cabeça de bolha”, tampouco há uma tradução literal. Tradicionalmente, os times passaram a presentear torcedores com esses bonecos, que possuem os corpos ligados às cabeças por molas ou ganchos. Em um desses “giveaways”, como os americanos chamam, Brad Novak descobriu sua grande paixão. Em 2003, ele trabalhava no Rockford Riverhawks, time amador de beisebol, quando recebeu o bobblehead da mascote Roscoe. Nessa época, Novak e Sklar, que já haviam estudado juntos, tiveram a ideia de pegar vários bonecos da mascote e trocarem com outros colecionadores pela internet, assim dando início a grande coleção. Além dos tradicionais bonecos esportivos, há celebridades, políticos e personagens de desenhos animados.

Além do museu, os americanos criaram o Bobblehead Day, em 7 de janeiro, que fez muito sucesso nos Estados Unidos. “Muitos times postaram fotos dos bonecos nas redes sociais, anunciaram novos produtos e ‘giveaways’, a recepção foi muito melhor que esperávamos”, afirmou Phil Sklar. O torcedor do Milwaukee Brewers, uma das principais equipes de beisebol do país, comemorou a data ao lado de seu bobblehead preferido: o jogador de beisebol Rick Monday, em 1976, resgatando a bandeira dos Estados Unidos de ser queimada por dois torcedores que invadiram o campo para fazer um protesto contra os então recentes casos Watergate e Guerra do Vietnã. “Foi um ato patriótico”, afirma.

Entre os doadores internacionais, por enquanto, não apareceu nenhum brasileiro. Ainda desconhecidos no Brasil, os bonecos que mais se aproximaram dos bobbleheads foram os minicraques, de cabeças grandes e duras, febre durante a Copa do Mundo de 1998. Na coleção dos amigos americanos, o Brasil não está representado. “Nós encontramos o Neymar no Ebay, mas ainda não compramos”, conta Sklar. “O que eu mais queria ter é do Pelé, um dos maiores atletas da história, seria uma honra tê-lo no museu”. Para alegria dos colecionadores, eles brevemente poderão ter jogadores do São Paulo em seu acervo, como conta o vice-presidente de marketing do clube. “Planejamos fazer bobbleheads do Rogério Ceni, Kaká, Ganso e Luis Fabiano”, revela Douglas Schwartzmann. “Acho que essa moda ainda não pegou no Brasil porque os clubes não têm mais ídolos, os jogadores ficam pouco tempo, o consumidor não tem identificação”.