Wilson Simonal faleceu em 2000. Se estivesse vivo, ele completaria hoje 70 anos. Sou amigo do talentoso Simoninha, filho do Simonal. Mas nunca contei a ele uma passagem de minha infância que tem muito a ver com o pai dele. Simonal foi o maior garoto-propaganda do “Mug da Sorte”, um boneco que ganhou fama de ser o talismã nos anos 60. Ele nasceu em 1966 como mascote de uma marca de roupa também chamada Mug e uma grande campanha publicitária anunciava que ele tinha sido o responsável pelo sucesso de muita gente importante, como Chico Buarque e Maurício de Sousa. Simonal também fazia parte desse time. Mug até ganhou um samba, composto por ele e por José Guimarães.

Mug era um bicho bem esquisito. Era todo preto, tinha cabelo vermelho e usava uma roupa xadrez. Havia um modelo grande e um outro menorzinho, habitualmente pendurado no espelho retrovisor dos automóveis “para proteger os motoristas”. Meu pai tinha um desses pequenos. Mas não ficava no carro. Ficava bem na frente da escrivaninha dele. Como ele deixava a porta da escrivaninha aberta, eu dava de cara com o tal Mug todos os dias. E isso durante anos! Sempre quis o Mug para mim. Não tinha jeito. O boneco era tratado como relíquia por ele. Guardava dentro de um saquinho plástico para não pegar pó. Bem, eu me casei, saí de casa e me esqueci do tal Mug. Ontem, quando lembrei do bonequinho, liguei para meu pai e pedi o Mug emprestado para fazer uma foto. Ele disse que, um belo dia, o boneco desapareceu e nunca mais deu as caras por lá. Fiquei arrasado com a notícia (mesmo sabendo que, depois de algum tempo, o Mug ganhou a fama de pé-frio, um dos motivos de seu sumiço do mercado).

MUG
Há algum tempo, o jornalista Flávio Gomes fez um apelo na internet para conseguir um.  Não sei se conseguiu. A paixão do Flavinho pelo Mug é tão grande que muitas das informações que transcrevi aí em cima são dele. Bem, agora é a minha vez. Também quero um “Mug da Sorte”. Dou em troca um exemplar de “O Guia dos Curiosos” autografado. Será que alguém tem dois aí?